O trem cotidiano

Hoje um homem convulsionou no trem. Ele estava sentado do meu lado, de repente começou a tremer, se inclinou para frente e caiu no chão.

Uma mulher que estava sentada na frente dele, sem pensar correu ao seu socorro, segurando a cabeça e a boca de um homem que babava. Sem nojo.

PQP! Eu fiquei ali parado atônito, sem saber o que fazer, a não ser pegar a blusa e o celular da mulher que caíram no chão quando ela se abaixou para socorrer o homem,  e também peguei a bolsa do homem que caiu junto com ele, coloquei tudo do banco e fiquei em pé, esperando o trem chegar até a próxima estação. Estava tremendo.

As portas se abriram, e como o trem não sai com as portas abertas, fiquei segurando, enquanto um outro homem saiu correndo e foi chamar o segurança da estação. No que parecia intermináveis 30 segundos o primeiro "guardinha" chegou e me perguntou se eu conseguiria trazer o homem pra fora, eu disse que não, pois o homem estava desmaiado, então ele começou a chamar outros seguranças pelo rádio, esses demoraram mais pra vir. Cada um que chegava, olhava o que estava acontecendo e se juntava ao outro que havia chegado primeiro. Só quando o quarto segurança da estação apareceu, é que foram buscar uma cadeira de rodas para retirar o homem caído de dentro do vagão. O primeiro guarda ainda perguntou ao homem desmaiado, que neste momento estava abrindo os olhos, mas ainda inconsciente, se ele queria sair do vagão ou continua a viagem. Que?

Levaram um homem meio sem saber o que estava acontecendo, em uma cadeira de rodas.

Assim que o homem, os seguranças e a cadeira saíram, soou o apito e as portas do vagão se fecharam, a viagem prosseguiu. A mulher sentou novamente. Alguém ofereceu um lenço de papel para ela secar a mão da baba deixada pelo homem caído, agora levado. Eu também sentei, ainda meio nervoso, meio tremendo pelo susto.

Depois disso, muita gente entrou no vagão e várias saíram, alguns nem sabiam o que tinha acontecido, enquanto outros nem se importavam ou se sentiram impotentes ao acontecido.

Eu não sei se verei novamente aquelas pessoas, e se por ventura um dia encontrar, não sei se irei reconhecê-las.

Mas assim é a vida, uma viagem atrás da outra.

Imagem: Freepik

0 comentários:

Postar um comentário

Não se intimide... comente!
Tenha sua identidade, não seja anônimo na web. Crie sua identidade.